Como prometido, vou continuar a narração da nossa aventura em União dos Palmares... No Domingo 18\05, dormimos um pouco demais, é que eu estava morta da trilha pra cachoeira no dia anterior, por isso só conseguimos subir a Serra da Barriga depois do almoço, mas foi ótimo porque pudemos ver o pôr-do-sol lá de cima. A paisagem é linda e cheia de verde, mas a estrada é ingrime e de barro, nós chegamos tranquilos porque nosso carro é 4x4 porém no inverno não é uma boa opção, tanto que dois dias depois da nossa aventura anunciaram no jornal local que as visitas ao quilombo tinham sido suspensas. (tivemos muita sorte!)
Quando chegamos não tinha nenhum outro turista, mas tinha um cara limpando e também um guarda, eles nos indicaram os pontos de áudio onde se pode escutar narrações dos aspectos cotidianos do quilombo e musicas da cultura negra disponível em 4 idiomas, e a versão em português sempre gravada por grandes nomes negros do Brasil como Carlinhos Brown, Tony Tornado, Leci Brandão e etc... É pena que nen todos estavam funcionando, mas também tem muitas placas explicativas isso compensa um pouco. Eu realmente me emocionei quando escutei o primeiro áudio, não imaginava que tinha isso lá, e fez toda diferença. A energia do lugar é muito evidente...
Eu fiz uns vídeos e pretendia postar aqui pra vocês, mas por curiosidade fui dar uma olhada no site do quilombo e descobri que lá tem um passeio virtual com a transcrição de todas as placas e inclusive a reprodução dos áudios, VALE MUUUITO A PENA, te passo o link: http://serradabarriga.palmares.gov.br/.
A historia de Zumbi e do Quilombo é muito interessante, vou dar uma resumida pra vocês:
Os quilombos, também eram conhecidos como mocambos e funcionavam como comunidades de negros fugidos que conseguiam escapar do controle de seus donos. Os escravos escolhiam lugares de difícil acesso pra impedir uma possível recaptura e ao mesmo tempo eram estrategicamente próximos de algumas estradas onde eles poderiam realizar pequenos assaltos que garantissem a sua sobrevivência. Os quilombos também abrigavam índios e fugitivos da justiça. Palmares foi um dos quilombos mais conhecidos da história brasileira, e ele cresceu muito principalmente entre as décadas de 1630 e 1650, porque teve uma invasão de holandeses no brasil aí os brancos perderam o controle sobre a população escrava. Vários governos que controlaram a região organizaram expedições para destruir definitivamente o Quilombo dos Palmares, Contudo, os quilombolas resistiram cerca de oitenta anos e conseguiram derrotar aproximadamente trinta expedições militares. Até que, exausto de tantas batalhas em vão o governador de Pernambuco, Aires Sousa e Castro, e Ganga Zumba, importante líder Palmarino, assinaram um acordo de paz. Por esse tratado, o governo pernambucano reconhecia a liberdade de todos os negros nascidos em Palmares e concedia a utilização dos terrenos localizados na região norte de Alagoas. Alguns membros do Quilombo não aceitaram o termo estabelecido por Ganga Zumba, Zumbi rompeu com ele e foi aclamado como Grande Chefe pelos Palmarinos que também não aceitaram o acordo. Ganga-Zumba, morreu envenenado por Zumbi, que passou a liderar a comunidade de Palmares, Zumbi nasceu em 1655, numa das aldeias do Quilombo de Palmares, com poucos dias de vida ele foi capturado por soldados portugueses e foi entregue ao padre português Antônio Melo, que o batizou com o nome de Francisco. O padre ensinou Zumbi a ler e escrever em português e latim, e aos 10 anos ele foi até coroinha. Aos 15 anos, fugiu da casa do padre e voltou para sua gente e suas origens no Quilombo dos Palmares, trocando seu nome cristão de Francisco pelo nome africano Zumbi. Ele não aceitava negociar com as autoridades e preferia sustentar a situação de conflito. Zumbi substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo de estratégia de guerrilha, Subordinou toda a vida do quilombo em função das exigências da guerra: deslocou povoações para locais mais remotos; incorporou e treinou para a luta todos os homens válidos; aumentou os postos de vigilância e observação; reuniu armas e munições e reforçou as fortificações da aldeia do Macaco ou Cerco Real, o quartel-general do quilombo, tornou-a quase impenetrável e decretou a lei marcial: quem tentasse deserdar seria morto. Atacava de surpresa engenhos, libertando escravos e apoderando-se de armas, munições e suprimentos, conseguiu repelir os sucessivos ataques por 16 anos. Até fevereiro de 1694, quando o exército português, bastante reforçado, conseguiu invadir o local e derrotar os quilombolas. Baleado, Zumbi caiu num desfiladeiro, o que deu origem ao boato que o herói tinha se suicidado para evitar a reescravização. Entretanto, ele conseguiu escapar e, em 1695, voltou a aparecer, atacando algumas povoações em Pernambuco, provando que não havia morrido. Só foi capturado, no entanto, no dia 20 de novembro desse ano, traído por um dos seus principais comandantes, que revelou o esconderijo de Zumbi em troca da liberdade, foi morto, esquartejado e teve a sua cabeça exposta em praça pública na cidade de Olinda. Lembrando que eu juntei aqui um monte de narrações dos “Brancos”, e que os negros continuam a pensar e a sentir que “Zumbi vive”.
Outro ponto que me chamou a atenção lá em cima, foi quando li numa das placas que a fundadora do Quilombo dos Palmares era uma negra que fugiu grávida de um engenho, seu nome era Aqualtune e ela era a mãe de Ganga-Zumba e a avó de Zumbi. Era uma princesa africana que foi contrabandeada com a intenção de ser usada como reprodutora, ela fugiu pra região de palmares e fundou o quilombo, sendo aí reconhecida sua ascendência foi a primeira líder do Quilombo dos palmares. Eu nen imaginava essa parte da história, mas é legal saber de tudo, por isso recomendo MESMO que vocês visitem o site do link acima...
Enfim esses são os frutos da nossa aventura nas terras de zumbi, espero que vocês gostem e se emocionem tanto quanto eu...
Valeu e até a próxima!
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